Tenho saudades do meu trabalho. Daquela rotina que começava com o percurso entre a Covilhã e o Fundão, com a Estrela a espreitar do lado direito e a Gardunha a surgir mesmo à minha frente.
Recordo-me com grande precisão da escola. Fecho os olhos e estou a descer as escadas, a entrar no pátio grande, onde ouço o som das folhas das árvores agitadas pelo vento e os risos das crianças que brincam freneticamente no recreio. Chego à porta principal, percorro o hall de entrada, entro no Centro e de lá surge a voz do meu coordenador que, num tom paternalista, me pergunta: “menina Diana, anda a portar-se bem?”. Esta expressão faz-me sempre sorrir. Quer dizer, nem sempre, tem dias. Mas à distância, sim, faz-me rir.
Penso que vai ser mais um dia agitado: novas inscrições, sessões de acolhimento, entrevistas individuais, registar dados, identificar aptidões e interesses, traçar percursos escolares, profissionais, formativos e sociais, apresentar ofertas formativas... Depois os almoços com a I. e com a R. e as conversas feitas de pedaços de nós, do passado e do presente.
Recordo, também, os momentos em que a pressão era muita, em que o trabalho parecia sempre inacabado e em que sentiamos que estávamos a enlouquecer. E então relembras-me que não há trabalhos perfeitos e eu digo-te que estes momentos foram compensados por tantos outros de partilha e solidariedade. Não posso esquecer aquelas pessoas que trabalharam comigo diariamente, que me apoiaram em situações tão complexas e difíceis, que me fizeram esquecer e abstrair das minhas próprias circunstâncias.
Suspiro, talvez seja a nostalgia a tomar conta de mim...
Há 7 anos