domingo, 28 de junho de 2009

Ascenção de um Anjo

Um dia um anjo desceu dos céus
e retirou a nossa Pérola da sua concha.
Mas como uma Pérola ela vai
permanecer eternamente nos nossos corações.

07/07/1979 – 23/06/2009


Quero agradecer todos os comentários e palavras de apreço dos amigos e leitores deste espaço, onde a Diana exprimia toda a sua vivência e pensamentos.
Elio (Marido), pais e irmão.

sábado, 27 de junho de 2009

One Last Goodbey (Um Último Adeus)

Antes de ouvirem esta música gostaria de explicar que este tema expressa todos os meus sentimentos neste momento de perda do AMOR da minha vida, a minha ALMA GÉMEA.

Elio (Marido)





Letra

One Last Goodbye”

“How I needed you
How I grieve now you're gone
In my dreams I see you
I awake so alone”

“I know you didn't want to leave
Your heart yearned to stay
But the strength I always loved in you
Finally gave way”

“Somehow I knew you would leave me this way
Somehow I knew you could never.. never stay
And in the early morning light
After a silent peaceful night
You took my heart away
And I grieve”

“In my dreams I can see you
I can tell you how I feel
In my dreams I can hold you
And it feels so real”

“I still feel the pain
I still feel your love
I still feel the pain
I still feel your love”

“And somehow I knew you could never, never stay
And somehow I knew you would leave me
And in the early morning light
After a Silent peaceful night
You took my heart away
I wished, I wished you could have stayed”


[Lyrics & Music: D. Cavanagh; Anathema]

domingo, 14 de junho de 2009

Peso / Leveza

Milan Kundera escreveu no livro A Insustentável leveza do ser:

“Quanto mais pesado for o fardo, mais próxima da terra se encontra a nossa vida e mais real e verdadeira é. Em contrapartida, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, fá-lo voar, afastar-se da terra, do ser terrestre, torna-o semi-real e os seus movimentos tão livres quanto insignificantes. Que escolher, então? O peso ou a leveza?”

“Pode sempre explicar-se o drama de uma vida através de uma metáfora do peso. Costuma dizer-se que nos caiu um fardo em cima. Carregamos com esse fardo, suportamo-lo ou não o suportamos. Lutamos com ele, perdemos ou ganhamos.”

A balança pendeu sempre mais para um dos lados. Nem sequer é difícil perceber qual. Mesmo assim, quando olho para trás sinto uma certa leveza. A leveza do peso que já passou.
Neste momento, impõe-se o jogo da paciência, de conhecer e respeitar as minhas próprias limitações, mas posso dizer que a recuperação, apesar de lenta, está no caminho certo. Um sinal disso, é que as consultas semanais passaram agora a ser quinzenais.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

+ Barcelona


O filme Vicky Cristina Barcelona fez-me lembrar outras estórias que, se calhar, já todos ouvimos de amigas que embarcam numa viagem rumo à aventura, à loucura, ao desconhecido. Depois há o cenário dessa incrível cidade, Barcelona. Há também a complexidade das relações humanas, os diferentes conceitos em relação ao amor, o dilema entre as emoções e a consciência, as deambulações entre o mundo das artes e da boémia... E no final das férias Vicky e Cristina regressam às suas vidas, com muitas recordações na bagagem...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Tenho uma amiga que...

... aproveitou um fim de semana XL para ir a Barcelona. Se não fossem as coisas inesperadas da vida, possivelmente eu já teria feito o mesmo. É uma daquelas cidades que adorava conhecer. Ela sabe bem disso e não hesitou em partilhar comigo as suas fotos e tudo o que sentiu ao caminhar por lá.



Aliás e agora que penso nisso, esta minha amiga também me ofereceu um livro que me deu a possibilidade de viajar através das páginas de uma outra cidade, Istambul – Memórias de uma Cidade de Orhan Pamuk, distinguido em 2006 como Prémio Nobel da Literatura. Deixo aqui algumas passagens:

“Quem quer dar um sentido à sua existência interroga-se também, pelo menos uma vez na vida, sobre a situação e a época em que nasceu. O que significa nascer em certo lugar do mundo e em determinado momento da História?”

“Cada novo olhar para aquelas fotografias evocava em mim a importância da vida e dos instantes que quisemos preservar do tempo para os pôr em realce no interior de uma moldura. (…) tinha de súbito a impressão de que a existência era feita para oferecer oportunidades de viver esses momentos especiais que se metiam dentro das molduras.”

Obrigada amiga, por tudo!

sexta-feira, 29 de maio de 2009

It feels so GOOD!

Depois de 3 semanas e 4 dias isolada, não encontro palavras para descrever a sensação que é sair à rua, fechar os olhos, abrir os braços, receber um novo dia, inspirar plenamente a suave brisa trazida pelo vento e sentir na pele o calor do sol. Mai bom.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Revejo-me nas palavras de...


"Considerar a nossa maior angústia como um incidente sem importância, não só na vida do universo, mas na da nossa alma, é o princípio da sabedoria. Considerar isto em pleno meio dessa angústia é a sabedoria inteira. No momento em que sofremos, parece que a dor humana é infinita. Mas nem a dor humana é infinita, pois nada há humano de infinito, nem a nossa dor vale mais que ser uma dor que nós temos."


Fernando Pessoa in Livro do Desassossego

É verdade que tenho estado ausente do mundo da blogosfera, não por opção, mas tão somente porque fiquei sem Internet... O facto é que coincidiu com aquela que foi, talvez, a semana mais longa da minha vida... Os dias, as horas, os minutos, os segundos intermináveis... Estou em fase de recuperação pós-transplante, os meus valores começam a dar os primeiros sinais positivos e com eles começo a ter novamente vontade para ler e escrever... Talvez um dia, à distância do tempo, consiga escrever sobre estas semanas de isolamento.

domingo, 10 de maio de 2009

Blindness / Ensaio sobre a Cegueira

Li o livro “Ensaio Sobre a Cegueira” por volta do ano 2000 e recordo-me bem deste facto, porque anteriormente tinha-me debatido para conseguir ler o “Memorial do Convento”, sem grande sucesso. O “Ensaio sobre a Cegueira”, pelo contrário, conquistou-me facilmente e logo nas primeiras linhas a curiosidade ficou ali a pairar. Depois outros se lhe seguiram, como “A Caverna”, “O Homem Duplicado”, “Ensaio sobre a Lucidez” e, mais recentemente “As Intermitências da Morte”.




Do livro que li há 9 anos atrás, recordo-me de uma história intrigante que começava com uma súbita epidemia de cegueira colectiva. Recordo-me do período de quarentena, das limitações do ser humano para realizar as tarefas mais básicas, dos que se aproveitaram desta situação para revelarem o seu lado mais obscuro, mais cruel, ganancioso e violento. E aqui reside, talvez, a parte mais chocante do livro. Nós próprios sentimo-nos cegos e angustiados durante a sua leitura e a única coisa que nos liberta de todos os horrores, é o facto de estarmos a ser guiados pelas mãos corajosas e bondosas de uma mulher que não cegou (a mulher do médico) e que é a grande testemunha do caos e da desordem entretanto instalados. É ela que inspira confiança, é nela que depositamos as nossas esperanças.
O filme representa bem o livro. Gostei especialmente dos contrastes luz branca/sombra que o realizador incutiu em diferentes passagens. Pessoalmente, tratou-se de rever no ecrã algo que já havia mexido comigo e que, 9 anos depois, não me deixou indiferente.
É por estas e por outras que dou conta que estou a ficar velha. 9 anos...

sábado, 9 de maio de 2009

Slumdog Millionaire

Este filme é uma viagem à Índia, uma Índia profunda, distante e desconhecida aos meus olhos. Uma Índia preenchida por mil cores, pela vivacidade das crianças dos subórbios e pela música inebriante.
A história deste filme envolve-nos, também, no cenário do famoso concurso “Quem quer ser milionário?”.
Jamal poderia ter sido um concorrente como tantos outros. Poderia, mas não foi. Em primeiro lugar, porque acaba por surpreender tudo e todos com as suas respostas. São respostas que ele aprendeu ao longo da sua vida, da sua experiência nas ruas, fora dos livros e da escola. E em segundo lugar, porque a razão que o levou a concorrer está relacionada com a sua própria história de amor com Latika: rapaz conhece rapariga, desencontram-se, voltam a encontrar-se, separam-se e ele tem esperança...



“I knew you would be watching.”
“This is our destiny.”

É um filme que preenche o imaginário de quem acredita ser possível dar o salto e ascender a algo mais, contrariando as piores possibilidades e expectativas.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Condicionamento

Entrei pela primeira vez neste quarto na segunda feira ao final da tarde.
É um quarto acolhedor, amplo, com uma televisão, um leitor de dvd's, uma bicicleta de ginástica, um roupeiro e, claro, uma cama. É tudo muito simples. Depois temos uma janela com vista para o centro comercial, para o metro, para o hotel e para o parque de estacionamento.
Para minha grande surpresa, a comida aqui é muito boa: pão quentinho com a manteiga a derreter por cima, ovos mexidos pasteurizados, batatas fritas, sopa de canja de galinha, sumos da compal, peixe no forno, bifinhos com arroz... Era capaz de me habituar a isto :)
Nestes próximos tempos poderei falar-vos dos livros e dos filmes que trouxe. Por falar nos livros, tinha eu andado com todo o cuidado a pegar neles, para os manter novos e intactos e eis que chegam às mãos do IPO e o processo de esterialização transformou-os por completo. Estão praticamente irreconhecíveis, muito amarelos e amarrotados :(
À parte deste percalço, está tudo a correr conforme o previsto, muita quimio e muito soro.

E umas saudades de beber um café a seguir ao almoço... Isso é que era, mas neste caso vou ter mesmo que me ficar pela imagem.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Ainda do Fim de Semana Prolongado...


... pequenas preciosidades da natureza

Do Fim de Semana Prolongado...

... guardo o teu sorriso lindo, o teu olhar meigo e atento, as tuas mãos estendidas nas minhas, os teus abraços, bem apertadinhos... Minha Pérola do Alântico.

...guardo os almoços em família, com o cheiro da comidinha a insinuar-se do forno, assim como os vossos passos e vozes a deambularem pela casa enquando eu ainda estou meia a dormir.

... guardo, sem darem por isso, os vossos rostos. Um a um: o do pai, o da mãe, o do mano, o da V., o da avó, o da madrinha, o do padrinho e o do priminho. Obrigada por me terem dado os alicerces, por fazerem de mim aquilo que hoje sou, por me apoiarem sempre, por acreditarem em mim!

... guardo dos meus amigos tudo o que eles são e tudo o que me têm dado e ensinado. Sem balanças para medir o que uns dão a mais e outros a menos, importa saber que são amizades genuínas, verdadeiras, umas antigas, outras mais recentes, nem sempre perfeitas, mas sempre presentes no meu coração.

... guardo entusiasticamente todas as sms´s de apoio que me enviam, as mensagens deixadas na caixa do correio electrónico, os telefonemas do tipo «era só para ouvir a tua voz, saber que estás bem» e, claro, os comentários no blog que me deram a oportunidade de conhecer pessoas novas e de me reaproximar de outras que toda a vida estiveram ali do meu lado. Sei disso agora...

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Anúncio Oficial

Os senhores do Serviço de Unidade de Transplantação de Medula óssea do IPO do Porto, que são seguidores acérrimos deste estaminé, não ficaram indiferentes ao meu pedido e eis que me ligaram para me informarem que na próxima segunda feira a minha vida vai deixar o modo pause... Eu bem que desconfiava que eram eles os detentores do comando... O nervoso miudinho está a começar a tomar conta de mim e geralmente descamba para a parvalheira...
Agora um bocadinho, mas só um bocadinho mais a sério, tenho um fim de semana prolongado para gozar, para pôr as ideias no lugar, para fazer as malas (uma mala cheia de pijamas, note-se), para escolher os livros e dvd´s que me irão fazer companhia entre quatro paredes e, acima de tudo, para ganhar coragem...
E se estivessem no meu lugar, com 3 dias para aproveitar antes de um assustador auto-transplante, o que fariam? Aceitam-se sugestões!

Vida em Pause

A minha vida está em pause. Não encontro o comando. Já revistei a casa, os sofás e nada. Não sei onde o deixei. Se alguém o encontrar, por favor carregue no play. Aliás, preferia que clicassem no forward. É isso.

domingo, 26 de abril de 2009

Bilhete Postal


Sempre que posso regresso aqui, a ti, uma e outra vez.
Conheço cada recanto teu, sei contornar os teus labirintos, as tuas correntes e contra-correntes. Já te fotografei dos mais diversos ângulos. És o meu farol nas noites em que a escuridão é maior. O confidente silencioso dos dias cinzentos. Gosto de ti ao luar, dessa tua melancolia pitoresca. Assim como gosto da luz com que brindas os veraneantes e da tua perfeita simbiose azul/verde.
Talvez te tenha idealizado.
Debruço-me sob a varanda do tempo e o inesperado efeito flashback devolve-me lembranças daquilo que fomos... Numa espiral de emoções.
Mudei, mudámos, mas nada consegue quebrar o facto de tudo isto fazer parte de mim por inteiro.


sábado, 25 de abril de 2009

25 de Abril



Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen, O Nome das Coisas (1977)


Há uma geração que é filha da Revolução dos Cravos, herdeira da liberdade.
Esta geração aprendeu, nos serões familiares ou nas aulas de História, que antes do 25 de Abril de 1974 se vivia de uma forma muito diferente. Vivia-se sob a alçada do regime salazarista, sem liberdade de pensamento e de expressão. Grande parte da população era analfabeta, abandonava a escola e começava a trabalhar muito cedo para auxiliar a família. Portugal era um país rural, vivia-se no campo, trabalhava-se na agricultura e na pesca. Eram poucas as casas que tinham água canalizada e esgotos. Os cuidados de saúde eram, praticamente, inexistentes e a taxa de mortalidade infantil era elevada. As mulheres não tinham os mesmos direitos que os homens, dependiam deles e não tinham direito ao voto. A igreja católica mantinha uma relação privilegiada com o Estado Novo.
Estes são pequenos fragmentos de um país pobre, atrasado e fechado. Retrato de um país que não convém esquecer, sobretudo quando começam a surgir vozes sugerindo que antigamente-é-que-era-bom.

É certo que estamos a atravessar um período crítico, de insatisfação com a democracia e com as instituições, com especial destaque para o mau funcionamento da justiça, no entanto e considerando a sondagem realizada pela Revista Visão, os portugueses apreciam a liberdade enquanto realidade indiscutível e incontornável que tem vindo a progredir e a consolidar-se.

“A liberdade tem, para os inquiridos, os conteúdos que mais directamente a caracterizam: pensar, falar, escrever, ler, viajar, deslocar-se na cidade, votar, associar-se e fazer greve. Pensam, no entanto, que as dificuldades económicas e o desemprego podem condicionar a liberdade”.

António Barreto in Revista Visão

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Dupla Sedução



Cada vez temos mais dificuldades em confiar nos outros. Tornámo-nos oficialmente desconfiados. É-nos difícil desarmar à primeira, à segunda ou até mesmo à terceira. À mínima coisa damos por nós a ligar o “complicómetro”. Porque há aqueles que são calculistas, os que se julgam mais espertos, os que só conseguem desiludir, os que nada têm a perder, os que deixam feridas em aberto, os que se escondem por detrás das aparências, os que fazem jogo duplo. E depois há os que nunca aprendem, os que carregam decepções, os que se deixam levar, os politicamente correctos, os que ainda têm esperança, os que já a perderam e os que a reencontraram. Por vezes somos tudo isto, umas vezes de forma consciente, outras sem darmos por isso.
E moral da história: quem ri por último ri melhor.

Gran Torino



Há pessoas que vivem agarradas ao passado, pessoas que têm dificuldades em perceber este mundo vertiginoso das mudanças. Walt (Clint Eastwood) é uma dessas pessoas, com um passado sombrio que lhe pesa na consciência e com o hábito de cerrar os dentes para demonstrar o seu desagrado perante a indiferença dos seus filhos, o desprezo dos seus netos e a estranheza que a cultura dos seus vizinhos asiáticos lhe provoca. Refugia-se no seu alpendre, enquanto observa com atenção e amargura a descaracterização do seu bairro.
Poderíamos pensar que este é um filme sobre violência urbana, preconceitos, (in)tolerância, choque de culturas ou de gerações, mas o filme é surpreendentemente mais do que isso. Eu diria que é um filme sobre a nossa capacidade de adaptação e aprendizagem ao longo da vida, sobre amizade e respeito, sobre justiça e redenção, lembrando-nos que estamos sempre a tempo de mudar, de melhorar.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Efeito Lexotan

Os contextos podem até ser muito diferentes, mas tal como os sobreviventes do terramoto em Itália se questionam porque razão o destino os escolheu a eles e à sua região para palco de tamanho drama, também nós fazemos estas questões quando o chão parece fugir debaixo dos nossos pés.
São questões para as quais não encontramos respostas. São questões que levam a outras e, nestas alturas, a única coisa que queremos é apurar responsabilidades. Iludimo-nos a pensar que esse é o cerne da questão, mas mais tarde ou mais cedo percebemos que as dicotomias justo/injusto, sorte/azar não têm grande aplicação ou utilidade prática, assim como não faz muito sentido atribuir a culpa a um Deus ou aos outros ou até mesmo a nós próprios. Tão discutível, não é? Eu sei. Para mim, resume-se a um: simplesmente aconteceu. O que poderá não ser tão simples é a forma como reagimos. Porque poderá sempre haver a revolta, a vontade de parar, o desânimo, a depressão, a angústia, a apatia... Porque a vida, por vezes, ganha o formato de uma prova de obstáculos, intervalada por breves momentos de felicidade. Mas o contrário também pode ser verdade, uma vida cheia de momentos felizes, intervalada por algumas dificuldades. Tudo é tão relativo, o que me leva a pensar que o mais importante mesmo é aprender a relativizar.

PS - Vou estar ausente o resto da semana. Espera-me um check-up médico e o mais estranho é que, nestas horas que se antecedem, dá-me para escrever e escrever e divagar... Porque será?

Revejo-me nas palavras de...

Pedro Almodóvar quando diz:

"Pouco a pouco fui-me habituando à ideia de que os meus problemas não teriam uma solução imediata."

in Revista Visão

Já passou tanto tempo e com ele fui-me apercebendo que ainda será preciso muito mais...

domingo, 12 de abril de 2009

Detalhes...




... de um fim de semana prolongado,
com o céu em pano de fundo...

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Transeuntes

Hoje, enquanto passeava na rua, fui abordada por duas senhoras. Duas desconhecidas que quiseram lembrar-me que não estou só, que não sou a única, que a elas também lhes aconteceu... Uma ainda está a lutar, a outra já está curada. O mais engraçado é que foi a primeira vez que alguém se dirigiu a mim, sem me conhecer e com as palavras que nós precisamos de ouvir, vezes e vezes sem conta, como FORÇA, CORAGEM, LUTA!

terça-feira, 7 de abril de 2009

De passagem pela Beira Interior


Disperso-me na tua imensidão

quinta-feira, 2 de abril de 2009

New life



“... uma pessoa é mais feliz quando vive para mais alguém, e não para si só.”

Hermann Hesse in “Gertrud”


Esta frase descreve a felicidade espelhada no rosto da Barriguitas perante a sua pequena princesa. Dizem que a chegada de um filho modifica-nos, faz com que a vida ganhe outra perspectiva, outro sentido, outras prioridades. Acredito que sim. Talvez porque deixamos de ser o centro de gravidade.
Posso nunca ter a oportunidade de sentir esse privilégio, mas devo dizer que fico muito feliz por poder acompanhar os meus amigos nesta experiência única.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A mentira que gostava que fosse verdade

Na próxima semana não vou ter consultas, nem exames, nem internamentos. Vou estar de férias e aproveitei a deixa para dizer à minha médica que já tinha viagem marcada para Cuba e que já me estava a imaginar a nadar no mar calmo das Caraíbas. Alguém consegue imaginar a expressão na cara dela? Um misto de espanto e preocupação. Mas como eu não tenho muito jeito para mentiras, ela percebeu rapidamente do que se tratava...

quinta-feira, 26 de março de 2009

A importância de não saber

Hoje aprendi que a ignorância pode ser uma grande aliada. Há primeira vista, numa sociedade marcada pelo conhecimento, esta constatação parece paradoxal. Somos impelidos a questionar, ainda que as respostas nos possam trazer mais dissabores do que propriamente consolações. Temos ao nosso dispôr um conjunto de informação que tanto nos pode ajudar a esclarecer as nossas dúvidas como pode ter o efeito contrário e perverso de nos prejudicar, porque nem sempre conseguimos distinguir uma fonte segura de uma distorcida.
A verdade é que, por vezes, é preferível não saber, parar de procurar e deixar as coisas acontecerem. Nas últimas semanas tenho ouvido alguns testemunhos de pessoas que já fizeram autotransplantes de medula óssea e, entre eles, destaco o do senhor M. porque me deixou impressionada. Este senhor não procurou informação e ainda hoje não sabe em que é que consistiu aquele procedimento que levou à remissão completa da sua doença. Para ele, o mais difícil foi o período de isolamento, sentir-se fechado entre quatro paredes durante três longas semanas, mas de resto não teve complicações de maior e ainda hoje está convencido que só levou soro, ignorando as altas doses de quimioterapia que recebeu.
Na minha cabeça já não é possível apagar a informação que tenho, mas parece-me que ir para autotransplante com este exemplo bem presente poderá ser a melhor maneira de enfrentar este “desafio”.

domingo, 22 de março de 2009

Nunca é Tarde Demais



Não compreendo porque ainda me tentas proteger. Conheço os impeditivos, mas não quero saber deles agora. Agora quero que me mostres as possibilidades, os caminhos, o lado bom, a liberdade, o riso, as estrelas, a magia do universo. Tenta compreender, este é o tempo que me resta, tempo para abraçar os sonhos, mesmo aqueles que achas ridículos. Não quero saber das aparências, nem o que os outros pensam. Pela primeira vez, estou a pensar em mim, só em mim. Egoísta, poderás dizer ou pensar sem o dizer. Por agora tanto faz, porque sei que um dia irás entender. Estas são as circunstâncias e quero aproveitá-las para largar as minhas raízes, pisar o desconhecido, enriquecer a alma e os sentidos, respirar a tranquilidade de uma nova paisagem, conversar sobre os momentos felizes e concentrar-me neles, enquanto esqueço tudo o resto. Porque tudo o resto é matéria dramática.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Magnética Magazine

É uma revista em formato digital, mensal e muito original quer no formato, nos conteúdos e no próprio dinamismo que lhe está inerente. O quarto número da Magnética já está disponível online com o tema “Arco-Íris” a servir de inspiração para o mês de Março.

http://www.magneticamagazine.com/

A leitura da reportagem sobre a relação de diferentes artistas portugueses com as cores e o significado que lhe atribuem, fez-me viajar no tempo e recordar os longos verões, em Água de Madeiros, preenchidos por uma paleta de cores, tão completa quanto a do arco-íris. São imagens que guardo na minha memória como se fossem intemporais. Paisagens em que o azul do mar parecia estender-se até ao infinito, o verde das árvores parecia tocar o ceú, o laranja do pôr-do-sol anunciava o fim do dia e das nossas brincadeiras, o branco das camarinhas e da espuma das ondas do mar, o amarelo dos raios de sol e dos caminhos feitos de areia, o violeta da vegetação que tocávamos ao de leve enquanto caminhávamos.
Entre a mistura destas cores construí as minhas memórias de infância e coleccionei cheiros e sons que permanecem intactos. E que cores teriam os nossos sorrisos? Que cores poderiam definir tamanha liberdade? De que cores seriam os nossos sonhos?

quinta-feira, 12 de março de 2009

It's a Beautiful Day

Se fosse uma música dos U2, qual seria?



Há algo de verdadeiro neste resultado, mas acreditem que a aprendizagem não tem sido pêra doce... Aquela da noite de karaoke num bar da Moita é que não... Seria muito mau...lol

Parabéns à Comercial pelos 30 anos de muita música!

quarta-feira, 11 de março de 2009

Detalhes...





"Se podes olhar, vê.
Se podes ver, repara."

José Saramago, in Ensaio Sobre a Cegueira

Hoje apeteceu-me sair à rua, aproximar a minha objectiva dos pequenos pormenores da natureza e disparar. Não sei se isto tem alguma coisa que ver com a "Vida Normal", mas sinto-me uma privilegiada.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Vida Normal

O médico escreveu no meu processo:

TPC - VIDA NORMAL

A primeira reacção foi de perplexidade. O que é que ele entende por vida normal? Onde é que ele quer chegar? Como é que é suposto fazer uma vida normal?

A vida há muito que deixou esse porto seguro da normalidade.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Exercício físico a quanto obrigas...

Hoje em dia a maior parte de nós leva uma vida demasiado sedentária e o exercício físico, enquanto prática regular e diária, vai sendo sucessivamente adiado, seja por falta de tempo, por falta de hábito, por o cansaço que se sente ao fim de um dia de trabalho, por preguiça ou simplesmente por comodismo. É impressionante a naturalidade com que as desculpas surgem...

Nestes últimos anos, e sobretudo desde que comecei a trabalhar, deixei de andar a pé, de bicicleta e de praticar desporto (adorava jogar voleibol). Mas agora sinto-me obrigada a mudar de rotina, até porque o quarto do IPO tem uma bicicleta de ginástica à minha espera... São terríveis! Como não quero fazer má figura, já comecei a preparar-me... Ao fim de 5 minutos a pedalar numa dessas bicicletas já não tinha pernas nem pulmões para mais, o que possivelmente significa que tenho muito exercício pela frente até ganhar alguma resistência ou mesmo capacidade física.
Já alguém dizia que a idade não perdoa...

PS – Na segunda-feira a colheita de células de medula correu muito bem, em apenas 4 horas conseguiram recolher células suficientes para o auto-transplante e foi assim que a minha barriga se livrou de mais injecções ou dos chamados factores de crescimento. Já agora aproveito para dizer que este é um processo muito simples e semelhante à colheita de sangue, não custa nada. Dadores de sangue e de medula precisam-se!!!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Instruções para Salvar o Mundo

As salas de espera dos consultórios médicos só têm uma vantagem: permitem a leitura e o tempo parece voar com o folhear das páginas. Depois d' A Sombra do Vento, decidi continuar a explorar a literatura dos nossos vizinhos e posso garantir que este é um bom livro, com um bom retrato dos nossos tempos e angústias. Para quem tiver curiosidade aqui fica a entrevista com a autora deste livro, bem como duas breves passagens do mesmo.



"Tudo o que aprendemos nas nossas vidas breves não é mais do que uma ninharia insubstancial arrancada à enormidade do que nunca saberemos."

"Estava num desses momentos luminosos que às vezes a existência oferece. Instantes de plenitude em que tudo parece adquirir sentido e que estamos certos de que essa sabedoria não nos vai abandonar pelo resto das nossas vidas. Mas esses momentos transparentes são também uma miragem. Mais tarde a existência continua e a explosão de luz que um dia nos banhou transforma-se no brilho final de um sol que se esconde. Porque está sempre prestes a entardecer na vida dos humanos."

Rosa Montero

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

B.O.

Para quem tem os nervos à flor da pele ser levada por aqueles corredores, em que as luzes se vão sucedendo umas às outras como se de um desfile se tratasse, digamos que não é coisa fácil. Depois há o ritual do tapete e finalmente a entrada naquela sala fria, pouco acolhedora, com luzes redondas, implacavelmente apontadas na minha direcção e repleta de objectos que podemos associar ao acto de tortura.
A primeira vez que entrei numa destas salas tive uma paragem respiratória - resultado de emoções fortes. Nesta segunda vez, correu tudo como era suposto: anestesia e um, dois, três... Adormeci. Quando acordei disse um disparate qualquer do género "estive a sonhar com coisas boas", apesar de não me recordar de nada.
E pronto, tenho um catéter novo, retiraram o implantofix e colocaram um que permite a recolha de células. Na próxima segunda vou começar a fazer essa recolha... (auch!)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O Estranho Caso de Benjamin Button


Há muito tempo que não tirava umas horinhas para ir ao cinema, mas nas vésperas do Carnaval aproveitei para ir ver O Estranho Caso de Benjamin Button.
Saí do cinema com o pensamento mergulhado nesta história invulgar, que fala sobretudo das pessoas e dos seus talentos, daquilo em que se aproximam e daquilo em que se distanciam, do ciclo da vida, da velhice, do fim dos dias, da verdade omitida durante anos e do amor. É um filme comovente, feito de memórias, como o desenrolar de um novelo.
Questionamos o que aconteceria se os ponteiros do relógio passassem a funcionar em sentido contrário, se em vez de acrescentarem segundos, minutos e horas, as retirassem? E se o ciclo de vida começasse pela velhice e acabasse na infância? E se a nossa aparência não coincidisse exactamente com o nosso espiríto?
Baseado no livro de F. Scott Fitzgerald, este filme é bastante longo (aproximadamente 3 horas), mas no final fiquei com a sensação que valeu a pena. De resto, os prémios atribuídos foram totalmente merecidos, porque a caracterização, os efeitos visuais e a direcção artística estão de parabéns.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Rotina

Ao abrir a janela do quarto para outras

janelas de outros quartos, ao veres a rua que desemboca

noutras ruas, e as pessoas que se cruzam, no início da

manhã, sem pensarem com quem se cruzam

em cada início de manhã, talvez te apeteça

voltar para dentro, onde ninguém te espera. Mas

o dia nasceu - um outro dia, e a contagem do tempo

começou a partir do momento em que

abriste a janela, e em que todas as janelas

da rua se abriram, como a tua. Então, resta-te

saber com quem te irás cruzar, esta manhã: se

o rosto que vais fixar, por uns instantes, retribuirá

o teu gesto; ou se alguém, no primeiro café que

tomares, te devolverá a mesma inquietação

que saboreias, enquanto esperas que o líquido

arrefeça.


Nuno Júdice


A edição da Revista Visão desta semana é acompanhada por um livro de Nuno Júdice, que pertence à Colecção Frente e Verso - Poesia e Prosa. De um lado temos prosa (O Anjo da Tempestade) e do outro poesia (Pedro, Lembrando Inês).

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009


“Não viemos por vontade própria, não sabemos porque é que o destino nos pôs nesta terra, nem para que viemos, por que viemos, nem para onde vamos. É um segredo que ninguém, depois de morto, revelou. Vivemos de esperança, que é fundamental.”

Manuel de Oliveira, por ocasião do seu 100º aniversário

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A fase do luto

Todos temos os nossos problemas e quando são nossos - e, sobretudo, porque são nossos - parecem enormes, gigantes, irreparáveis. Muitas vezes acabamos por formular teorias, construímos os cenários possíveis, andamos em círculos até conseguirmos lidar com eles, até conseguirmos agir, enfrentar a situação, tomar uma ou mais decisões, escolher o que fazer, como fazer.
Ao longo deste último ano passei por várias fases, algumas delas facilmente identificáveis neste blog. A fase da apatia foi só mais uma.
Agora acho que estou a passar pela fase do luto e , ao contrário do que a maior parte das pessoas possa pensar, eu acredito que esta fase é importante ser vivida, por ser sinónimo de uma maior consciência e aceitação perante aquilo que me está a acontecer.
Estou de luto por ter perdido a minha saúde, por estar doente, por me ter caído o cabelo, por deixar de trabalhar, por ver as pessoas que amo a sofrer, por andar encharcada em medicamentos, por estar inchada, por estar sempre em estado de alerta máximo, por sentir um cansaço extremo, por demorar demasiado tempo a recuperar, por ter consciência que a minha vida levou uma reviravolta e que jamais voltará a ser a mesma, por não poder comer tudo quanto gostaria, por não poder desfrutar do sol, por não poder andar no meio da multidão, por ...

Todos perdemos coisas. Umas vezes são coisas importantes, outras não passam de coisas insignificantes.
Acredito que é preciso fazer o luto pelas coisas importantes que perdemos para podermos seguir em frente.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Estranha em mim

Não há uma forma simples de explicar. Começou a acontecer quando fiquei horas a observar a chuva lá fora, através da minha janela. Num olhar vazio, desfocado, desinteressado. Acontece sempre que me olho ao espelho. Repete-se quando procuro as pequenas coisas do dia-a-dia e nada me consegue afastar deste súbito estado de apatia. Na impossibilidade de obter uma resposta minimamente satisfatória, deixei de me esforçar.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Sunday

Farol do Penedo da Saudade
S. Pedro de Moel

Fim de tarde na Pedra do Ouro


Praia Velha


Porque há lugares que são nossos.
Lugares que nunca perdem o encanto.
Lugares onde ainda consigo encontrar paz.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Coisas do Coração

Hoje disseram-me que eu tenho um coração bonito e não estavam a falar no sentido figurado. Estavam a falar desse órgão poderoso, musculado e, no meu caso, diagnosticado como muito acelerado. A imagem captada pelo ecocardiograma é indescritível, a fazer lembrar uma tesoura a abrir a fechar (não é a melhor das associações, mas foi mesmo a que me ocorreu).
Disseram-me, também, que não tenho qualquer indício de doença cardíaca e que os muitos tratamentos que tenho feito explicam grande parte dos sintomas que tenho tido e que, na última semana, me familiarizaram com expressões como lipotimia, sincope e taquicardia sinusal.

Na verdade, é um coração que levou um embate tremendo e que ainda não se recompôs.
Eu tinha acabado de viver um dos momentos mais felizes da minha vida, dias excepcionais a que convencionalmente designamos por lua de mel. Momentos que foram abruptamente interrompidos.
Talvez por isso haja no meu coração uma imensa dor quando olho para ti, para nós, porque sei que podia e devia ser tão diferente.
Há no meu coração uma profunda tristeza quando me deparo com esta dura realidade que é minha, mas também de todos aqueles que me amam.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A Sombra do Vento

Este livro fazia parte de uma lista antiga que eu trazia no bolso sempre que entrava numa livraria. Por diversas vezes, estive com ele na mão, indecisa, até que o tempo disponível e a curiosidade falaram mais alto e acabei por o comprar e “devorar” rapidamente. O meu instinto estava certo. A história é fascinante e envolvente desde o primeiro parágrafo.

“Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte.”

“(...) até aquele momento não tinha compreendido que aquela era uma história de gente só, de ausências e de perda, e que por essa razão me tinha refugiado nela até a confundir com a minha própria vida, como quem escapa através das páginas de um romance porque aqueles que precisa de amar são apenas sombras que vivem na alma de estranho.”

“Às vezes julgamos que as pessoas são décimos da lotaria: que estão ali para tornar realidade as nossas ilusões absurdas.”

“Bea diz que a arte de ler está a morrer muito lentamente, que é um ritual íntimo, que um livro é um espelho e que só podemos encontrar nele o que já temos dentro, que ao ler aplicamos a mente e a alma, e que estes são bens cada dia mais escassos.”
Carlos Ruiz Zafón

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Noites longas

Esta noite sonhei que caminhava sob uma montanha. O percurso era sinuoso, estreito e a única coisa que me separava do abismo era uma busca constante pelo equilíbrio que, ao mínimo deslize, parecia seriamente comprometido.
Por vezes, surgiam vozes, ao fundo, que me perguntavam se eu estava bem. Respondia-lhes sempre que não se preocupassem, estava tudo bem, tinha apenas que seguir em frente. Esforçava-me ao máximo para não olhar para o lado, para baixo, não queria e não podia pensar na queda. E, no entanto, ela estava ali, tão próxima, a insinuar-se constantemente.
Houve momentos em que me ressenti, era o cansaço a dominar, a falta de forças. Sentia-me a deslizar, como se estivesse em queda livre e, nessas alturas, as vozes que pareciam distantes, aproximavam-se, chamavam por mim, gritavam e impediam-me de parar, de desistir. Também não conseguia olhar para trás, porque sabia que o caminho tinha estreitado e não há nada pior do que perceber isso.
Sinto que ando a caminhar sob esta montanha há já muito tempo...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Little things

Respondendo ao desafio da minha amiga estrelinha, aqui ficam alguns desejos para 2009 e é claro que no topo da lista surgem questões ligadas à saúde...

* sobreviver a este linfoma que está a ser mais resistente do que alguma vez pude imaginar;

* continuar a acreditar que vale a pena viver e lutar, apesar de todas as adversidades;

* poder finalmente marcar uma série de encontros, cafés, jantares e saídas que tenho vindo a prometer aos meus amigos, mas que até agora não foi possível agendar;

* que o meu cabelo volte a crescer, de preferência mais forte;

* poder recomeçar de novo e fazer todas as coisas que, nesta fase, me encontro impossibilitada. Coisas simples como sair à rua sem medo de me constipar, voltar a conduzir, passear pela praia, mergulhar no mar, viajar, assistir a concertos, sentir-me útil, regressar ao trabalho, à minha casa, ao meu refúgio, aos teus braços... Voltar a sentir-me livre!

* assistir à resolução da crise financeira global, num esforço conjunto entre os diferentes governos.

* e já agora, porque não fazermos um esforço para nos tornarmos melhores: melhores pessoas, melhores cidadãos, melhores colegas de trabalho, melhores amigos...

Idealista q.b.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Desconhecidas

Hoje, uma pessoa com quem eu nunca tinha falado, com quem eu nunca me tinha cruzado, aproximou-se de mim e começou a falar. O ponto de partida foi a única coisa que tínhamos em comum: uma praia.
Naquela praia começou uma história de amor, um novo começo, uma segunda oportunidade quando já não acreditavas que isso fosse possível, porque tinhas perdido a confiança em ti e no amor, porque há relações que terminam de repente, quer isso nos seja compreensível ou não e que nos deixam um vazio enorme, uma tristeza profunda.
Dizes que esta relação é recente, que o conheces há pouco tempo, que tens medo, que ainda te sentes magoada, mas que ao mesmo tempo te sentes bem, apaixonada, viva.
O teu tom de voz era o de quem precisava de desabafar, de dizer o que te ia na alma, sem esperar juízos de valor ou qualquer tipo de comentário, apenas alguém que te ouvisse, que concedesse atenção à tua história.
Às vezes torna-se mais fácil falar com quem não conhecemos.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Histórias para contar consigo


A ideia é original: “um livro em forma de jogo, ou um jogo em forma de livro”. Surpreende quem está à espera de simples contos. O livro/jogo é mais do que isso. São contos que resultam das nossas escolhas individuais, das perguntas que nos inquietam e para as quais gostávamos de ter uma resposta. E as respostas surgem em forma de metáforas, a fazer lembrar as histórias que ouvíamos quando éramos crianças e que nos punham um certo brilho no olhar. Despertam-nos o imaginário, algo que nós, em adultos, parecemos querer eliminar a todo o custo com as nossas lógicas racionais. Para mim, este livro está a ser uma terapia, estou a aprender a olhar para dentro, para o que me faz falta, o que me preenche, o que me assusta… Vou levar estas histórias comigo, porque sei que posso contar com elas nos momentos difíceis.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

welcome to 2009

Foi uma passagem do ano sem fogo-de-artifício, sem o vestido a rigor, sem o champanhe, sem as passas e sem sair de casa, mas com a melhor das companhias: a minha família.
Contrariando todas as previsões, desejo-vos um excelente 2009.