quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Coisas do Coração

Hoje disseram-me que eu tenho um coração bonito e não estavam a falar no sentido figurado. Estavam a falar desse órgão poderoso, musculado e, no meu caso, diagnosticado como muito acelerado. A imagem captada pelo ecocardiograma é indescritível, a fazer lembrar uma tesoura a abrir a fechar (não é a melhor das associações, mas foi mesmo a que me ocorreu).
Disseram-me, também, que não tenho qualquer indício de doença cardíaca e que os muitos tratamentos que tenho feito explicam grande parte dos sintomas que tenho tido e que, na última semana, me familiarizaram com expressões como lipotimia, sincope e taquicardia sinusal.

Na verdade, é um coração que levou um embate tremendo e que ainda não se recompôs.
Eu tinha acabado de viver um dos momentos mais felizes da minha vida, dias excepcionais a que convencionalmente designamos por lua de mel. Momentos que foram abruptamente interrompidos.
Talvez por isso haja no meu coração uma imensa dor quando olho para ti, para nós, porque sei que podia e devia ser tão diferente.
Há no meu coração uma profunda tristeza quando me deparo com esta dura realidade que é minha, mas também de todos aqueles que me amam.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A Sombra do Vento

Este livro fazia parte de uma lista antiga que eu trazia no bolso sempre que entrava numa livraria. Por diversas vezes, estive com ele na mão, indecisa, até que o tempo disponível e a curiosidade falaram mais alto e acabei por o comprar e “devorar” rapidamente. O meu instinto estava certo. A história é fascinante e envolvente desde o primeiro parágrafo.

“Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte.”

“(...) até aquele momento não tinha compreendido que aquela era uma história de gente só, de ausências e de perda, e que por essa razão me tinha refugiado nela até a confundir com a minha própria vida, como quem escapa através das páginas de um romance porque aqueles que precisa de amar são apenas sombras que vivem na alma de estranho.”

“Às vezes julgamos que as pessoas são décimos da lotaria: que estão ali para tornar realidade as nossas ilusões absurdas.”

“Bea diz que a arte de ler está a morrer muito lentamente, que é um ritual íntimo, que um livro é um espelho e que só podemos encontrar nele o que já temos dentro, que ao ler aplicamos a mente e a alma, e que estes são bens cada dia mais escassos.”
Carlos Ruiz Zafón

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Noites longas

Esta noite sonhei que caminhava sob uma montanha. O percurso era sinuoso, estreito e a única coisa que me separava do abismo era uma busca constante pelo equilíbrio que, ao mínimo deslize, parecia seriamente comprometido.
Por vezes, surgiam vozes, ao fundo, que me perguntavam se eu estava bem. Respondia-lhes sempre que não se preocupassem, estava tudo bem, tinha apenas que seguir em frente. Esforçava-me ao máximo para não olhar para o lado, para baixo, não queria e não podia pensar na queda. E, no entanto, ela estava ali, tão próxima, a insinuar-se constantemente.
Houve momentos em que me ressenti, era o cansaço a dominar, a falta de forças. Sentia-me a deslizar, como se estivesse em queda livre e, nessas alturas, as vozes que pareciam distantes, aproximavam-se, chamavam por mim, gritavam e impediam-me de parar, de desistir. Também não conseguia olhar para trás, porque sabia que o caminho tinha estreitado e não há nada pior do que perceber isso.
Sinto que ando a caminhar sob esta montanha há já muito tempo...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Little things

Respondendo ao desafio da minha amiga estrelinha, aqui ficam alguns desejos para 2009 e é claro que no topo da lista surgem questões ligadas à saúde...

* sobreviver a este linfoma que está a ser mais resistente do que alguma vez pude imaginar;

* continuar a acreditar que vale a pena viver e lutar, apesar de todas as adversidades;

* poder finalmente marcar uma série de encontros, cafés, jantares e saídas que tenho vindo a prometer aos meus amigos, mas que até agora não foi possível agendar;

* que o meu cabelo volte a crescer, de preferência mais forte;

* poder recomeçar de novo e fazer todas as coisas que, nesta fase, me encontro impossibilitada. Coisas simples como sair à rua sem medo de me constipar, voltar a conduzir, passear pela praia, mergulhar no mar, viajar, assistir a concertos, sentir-me útil, regressar ao trabalho, à minha casa, ao meu refúgio, aos teus braços... Voltar a sentir-me livre!

* assistir à resolução da crise financeira global, num esforço conjunto entre os diferentes governos.

* e já agora, porque não fazermos um esforço para nos tornarmos melhores: melhores pessoas, melhores cidadãos, melhores colegas de trabalho, melhores amigos...

Idealista q.b.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Desconhecidas

Hoje, uma pessoa com quem eu nunca tinha falado, com quem eu nunca me tinha cruzado, aproximou-se de mim e começou a falar. O ponto de partida foi a única coisa que tínhamos em comum: uma praia.
Naquela praia começou uma história de amor, um novo começo, uma segunda oportunidade quando já não acreditavas que isso fosse possível, porque tinhas perdido a confiança em ti e no amor, porque há relações que terminam de repente, quer isso nos seja compreensível ou não e que nos deixam um vazio enorme, uma tristeza profunda.
Dizes que esta relação é recente, que o conheces há pouco tempo, que tens medo, que ainda te sentes magoada, mas que ao mesmo tempo te sentes bem, apaixonada, viva.
O teu tom de voz era o de quem precisava de desabafar, de dizer o que te ia na alma, sem esperar juízos de valor ou qualquer tipo de comentário, apenas alguém que te ouvisse, que concedesse atenção à tua história.
Às vezes torna-se mais fácil falar com quem não conhecemos.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Histórias para contar consigo


A ideia é original: “um livro em forma de jogo, ou um jogo em forma de livro”. Surpreende quem está à espera de simples contos. O livro/jogo é mais do que isso. São contos que resultam das nossas escolhas individuais, das perguntas que nos inquietam e para as quais gostávamos de ter uma resposta. E as respostas surgem em forma de metáforas, a fazer lembrar as histórias que ouvíamos quando éramos crianças e que nos punham um certo brilho no olhar. Despertam-nos o imaginário, algo que nós, em adultos, parecemos querer eliminar a todo o custo com as nossas lógicas racionais. Para mim, este livro está a ser uma terapia, estou a aprender a olhar para dentro, para o que me faz falta, o que me preenche, o que me assusta… Vou levar estas histórias comigo, porque sei que posso contar com elas nos momentos difíceis.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

welcome to 2009

Foi uma passagem do ano sem fogo-de-artifício, sem o vestido a rigor, sem o champanhe, sem as passas e sem sair de casa, mas com a melhor das companhias: a minha família.
Contrariando todas as previsões, desejo-vos um excelente 2009.