Ao abrir a janela do quarto para outras
janelas de outros quartos, ao veres a rua que desemboca
noutras ruas, e as pessoas que se cruzam, no início da
manhã, sem pensarem com quem se cruzam
em cada início de manhã, talvez te apeteça
voltar para dentro, onde ninguém te espera. Mas
o dia nasceu - um outro dia, e a contagem do tempo
começou a partir do momento em que
abriste a janela, e em que todas as janelas
da rua se abriram, como a tua. Então, resta-te
saber com quem te irás cruzar, esta manhã: se
o rosto que vais fixar, por uns instantes, retribuirá
o teu gesto; ou se alguém, no primeiro café que
tomares, te devolverá a mesma inquietação
que saboreias, enquanto esperas que o líquido
arrefeça.
Nuno Júdice
A edição da Revista Visão desta semana é acompanhada por um livro de Nuno Júdice, que pertence à Colecção Frente e Verso - Poesia e Prosa. De um lado temos prosa (O Anjo da Tempestade) e do outro poesia (Pedro, Lembrando Inês).
Há 7 anos
Um comentário:
Já tinha aqui desabafado o facto de gostar de rotina ;o)
Muito bonito este texto … Gostei muito !
Beijinhos,
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