sábado, 25 de abril de 2009

25 de Abril



Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen, O Nome das Coisas (1977)


Há uma geração que é filha da Revolução dos Cravos, herdeira da liberdade.
Esta geração aprendeu, nos serões familiares ou nas aulas de História, que antes do 25 de Abril de 1974 se vivia de uma forma muito diferente. Vivia-se sob a alçada do regime salazarista, sem liberdade de pensamento e de expressão. Grande parte da população era analfabeta, abandonava a escola e começava a trabalhar muito cedo para auxiliar a família. Portugal era um país rural, vivia-se no campo, trabalhava-se na agricultura e na pesca. Eram poucas as casas que tinham água canalizada e esgotos. Os cuidados de saúde eram, praticamente, inexistentes e a taxa de mortalidade infantil era elevada. As mulheres não tinham os mesmos direitos que os homens, dependiam deles e não tinham direito ao voto. A igreja católica mantinha uma relação privilegiada com o Estado Novo.
Estes são pequenos fragmentos de um país pobre, atrasado e fechado. Retrato de um país que não convém esquecer, sobretudo quando começam a surgir vozes sugerindo que antigamente-é-que-era-bom.

É certo que estamos a atravessar um período crítico, de insatisfação com a democracia e com as instituições, com especial destaque para o mau funcionamento da justiça, no entanto e considerando a sondagem realizada pela Revista Visão, os portugueses apreciam a liberdade enquanto realidade indiscutível e incontornável que tem vindo a progredir e a consolidar-se.

“A liberdade tem, para os inquiridos, os conteúdos que mais directamente a caracterizam: pensar, falar, escrever, ler, viajar, deslocar-se na cidade, votar, associar-se e fazer greve. Pensam, no entanto, que as dificuldades económicas e o desemprego podem condicionar a liberdade”.

António Barreto in Revista Visão

3 comentários:

mimi disse...

Olá Pérola,

Eu sou filha de um pai que emigrou para fugir a miséria, a fome, aos pés descalços, da opressão.
O 25 d Abril toca-me sempre, não só pelo peso que tem enquanto valorização do ser humano, e da liberdade, mas também pelos ideais que o meu pai sempre me passou desde pequena.

Talvez por isso tenho sido educada para conseguir ser independente, para nunca ter de depender de um homem, para lutar por aquilo que quero e para nunca baixar os braços.

É-me difícil imaginar viver num tempo desses, porque se há coisa que eu gosto é de dizer o que penso, principalmente quando me pisam os calos. Submissão não é de todo uma característica minha :o)

Beijinhos,

pérola disse...

Nós somos os tais filhos da Revolução... É bom saber que não sou a única revoluccionária :)
Beijinhos

Andreia disse...

Olá minha linda!
En nasci depois dessa época e se não fosse a revolução talvez não existisse pk o meu pai tinha sido preso...
Nada acontece ao acaso e eu estava destinada a nascer.
Ainda k a vida seja dura e as coisas não sejam fáceis nos dias de hoje, não à nada melhor como a liberdade de experssão, de pensamento e de vontade (claro k tudo dentro do bom senso e da nossa educação k considero ter sido a melhor!). Lembro de alguém ter dito k erámos a geração rasca, mas discordo completamente. Somos jovens com valores, princípios e nada temos a ver com esta nova geração de "meninos/as mimados/as".
Tenho mt orgulho dos meus 30 anos e da educação k me foi dada, apesar de mts dificuldades passadas. São os momentos difíceis k nos fortalecem como pessoas e k nos fazem dar valor aos laços familiares e de amizade!
Adoro-te mt amiga!
FORÇA!!!
Mts beijinhos